BARCO À DERIVA
Sob estes dias chuvosos, frios
e intermináveis, de dor cativa,
navego o barco à minaz deriva
das incertezas e nãos sombrios.
Condicionado a engolir os brios,
peno a rotina voraz, lesiva;
minhas lembranças desaguam rios
que se misturam à chuva viva.
A frustração afiada fura
e queima tanto a abrasar loucura,
lateja fundo, a vilã, malvada.
É muito frio, que chuva forte!
E eu neste barco vivendo morte,
assim, sem rumo, sem remo, nada.