BARCO À DERIVA

Sob estes dias chuvosos, frios

e intermináveis, de dor cativa,

navego o barco à minaz deriva

das incertezas e nãos sombrios.

Condicionado a engolir os brios,

peno a rotina voraz, lesiva;

minhas lembranças desaguam rios

que se misturam à chuva viva.

A frustração afiada fura

e queima tanto a abrasar loucura,

lateja fundo, a vilã, malvada.

É muito frio, que chuva forte!

E eu neste barco vivendo morte,

assim, sem rumo, sem remo, nada.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 24/04/2014
Reeditado em 09/05/2017
Código do texto: T4780856
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