UM CANTIL DERRAMADO
Meu coração é cantil virado
a derramar incessantemente
branduras fluidas num descampado,
em gotas finas e lentamente.
Teimoso, tenta, desesperado,
erguer-se firme do chão ardente,
mas tomba, cai para o outro lado,
pois não suporta seu peso ingente.
Assim cantil derramado, encerra,
meu coração, a virtude ao vão,
perdendo, em águas, sua energia.
Mas essas águas vicejam terra
e o seco em volta do coração,
com florescências do bem poesia.