(Re)verso da vida

Já não tenho metáforas nem sangue

A correr nestas veias decadentes

Os olhos já não criam, só as lentes

A desnudar paisagem já exangue

Feneceu o rubor e a ousadia

Uma vida longa, por coisa pouca

O verso me falou (orelha mouca):

" A voz da hera no muro lambe o dia!"

A poesia nunca teve idade!

A génese e o fim da natureza

Pão, vinho e versos sempre pôs na mesa

Nesta busca sem tréguas dos sentidos

Ávidos em manjar versos retidos

Dou vida ao verso e luz à liberdade!

Antaco
Enviado por Antaco em 13/03/2014
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