(Re)verso da vida
Já não tenho metáforas nem sangue
A correr nestas veias decadentes
Os olhos já não criam, só as lentes
A desnudar paisagem já exangue
Feneceu o rubor e a ousadia
Uma vida longa, por coisa pouca
O verso me falou (orelha mouca):
" A voz da hera no muro lambe o dia!"
A poesia nunca teve idade!
A génese e o fim da natureza
Pão, vinho e versos sempre pôs na mesa
Nesta busca sem tréguas dos sentidos
Ávidos em manjar versos retidos
Dou vida ao verso e luz à liberdade!