NEBULOSO HORIZONTE
Assustados rumores de vento à janela
anunciam-me afoitos mudança futura
e depois de soprar-me a notícia, se vão,
desfazendo-se no ar em pozinhos de nada.
Não disseram se a nova é bonança ou procela.
E eu trancado ao pavor que soldou fechadura.
Ai! Não sei se floresço, ou me seco no chão;
se me engesso no beco, ou prossigo na estrada.
Procurando entender claridade, o que diz
a voejar, invadir o recinto, meu lar,
me distraio do escuro que expande-se, avança.
E por não conhecer, da mudança, o matiz,
já cansado, afinal, da aflição de esperar,
eu inundo a razão de inebriante esperança.