NEBULOSO HORIZONTE

Assustados rumores de vento à janela

anunciam-me afoitos mudança futura

e depois de soprar-me a notícia, se vão,

desfazendo-se no ar em pozinhos de nada.

Não disseram se a nova é bonança ou procela.

E eu trancado ao pavor que soldou fechadura.

Ai! Não sei se floresço, ou me seco no chão;

se me engesso no beco, ou prossigo na estrada.

Procurando entender claridade, o que diz

a voejar, invadir o recinto, meu lar,

me distraio do escuro que expande-se, avança.

E por não conhecer, da mudança, o matiz,

já cansado, afinal, da aflição de esperar,

eu inundo a razão de inebriante esperança.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 04/03/2014
Reeditado em 05/03/2014
Código do texto: T4715014
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