DE UM INFELIZ. 04.soneto-498.
Tiraram-me do meu mundo sem eu permitir,
Levando-me a servida com tanta crueldade,
Aqui não tive mais nenhum motivo pra sorrir,
De prantos me cobriram em tais fatalidades.
Nos filhos de uma pátria sem ser reconhecido,
Perdidos sem infâncias escusos a ter direitos,
Já vendido por escravo antes de ser concebido,
Ceifaram-me a vida, sem ter o menor respeito.
Deram-me por moradia uma sórdida senzala,
Gozar a luz do luar nos foram noites de gala,
Nossa única certeza era os trabalhos forçados.
Sub-humanas e impossíveis foi ali a condição,
De luto por minha terra cobriu-se meu coração,
A extinguir-se à espera de ser um alforriado.
Cosme B Araújo.
20/01/2014.