ALMA REMENDADA - Soneto ( nº32) do meu livro "Em todos os sentidos"
Aqui me fica o tempo desmedido,
Dos meus anos que por loucura atados,
A ir-se num vai e vem são e ferido,
Nos dias destes males costurados.
Aqui soçobro de lamento e fúria,
Num vago apelo de (Meu Deus!) socorro!
Vomitando pedaços do eu espúria,
Morrendo na alma, sem saber que morro.
Mais? Quero que se dane a hipocrisia!
Pois, com faca de dois gumes a corto
Viu? Não mais me tornes tão curiosa...,
...Por que teu fado peca na heresia.
Sustento-me sem tua praga que aborto,
E a ira no olhar meu, cuspo-te odiosa!