DE UM INFELIZ.soneto-494.
Chora oh minh’alma, nesse desalento insano,
Pelas correntes que me oprimem sem cessar,
Nessa masmorra a morrer qual cão sem dono,
Na vil miséria quis-me o destino destroçar.
Neste mundo infeliz onde a cor é requisito,
Criam-se nobrezas com base de status e poder,
E a opressão nos é como um fardo maldito,
A definhar-nos no insalubre inferno a perecer.
Não quis ser negro a nascer em desvantagens,
Em nossas veias correm rubros de não covardes,
Braços roliços enlaçados por fortes correntes.
Não reclamo ao destino por infames opressores,
Apenas exclamo os motivos de meus horrores,
Que não permitem e nem admitem eu ser gente.
Cosme B Araujo.
20/12/2013.