Pro-cura

"Escreva sobre tudo", o analista

Assim dizia e o dorido executava,

De dia seu diário reportava

O espectro que em si deixava pista.

De noite, quando magra é a vista,

A divina inconsciência despertava,

E o caderno da alma se mostrava

Como as páginas finais de uma lista.

Pôs-se a ler o seu verso e o seu reverso,

Feito a chispa atravessando o universo

Mais recôndito até da epifania.

É poeta o senhor ali descrito,

Que ao morrer na poesia do infinito,

Renasceu no infinito da poesia.