Sagração ao verso desnacido
Verso, e tudo sentido ao pensamento
Temo encontrar longínquo ao meu lado,
Qual se o sentir houvesse me arrastado
Eternamente à boca azul do vento.
Ou num torpor de maravilhamento
Escancarar dos éteres, um dado
À Mallarmé, num lance malcriado,
Fundir meu verso ao tom fugaz do invento.
Ou vertigens em lábios de absinto,
Que a língua da manhã febril evola
Sob um céu chapiscado à vinho tinto.
É o procurar segredos da poesia
Nesse quanto de poemas meia sola
Ao pixá-los nas praças da Utopia.