DISPARADA
Na crença de alcançar auroras belas,
embora não soubesse como ou quando,
seguia entregue às ilusões singelas
que ornavam, de dourado, ardil nefando.
Um dia, desistiu de atar as selas,
por não sentir se estava no comando,
seguro, mesmo em charcos e procelas,
ou se outros o levavam, dominando.
E agora, nos urbanos, gris desertos
tão fervilhantemente povoados,
ainda mais perdido em seus incertos...
Prossegue à vida, como se montado
de pernas, braços soltos, bem abertos,
no dorso de um corcel desembestado.