DISPARADA

Na crença de alcançar auroras belas,

embora não soubesse como ou quando,

seguia entregue às ilusões singelas

que ornavam, de dourado, ardil nefando.

Um dia, desistiu de atar as selas,

por não sentir se estava no comando,

seguro, mesmo em charcos e procelas,

ou se outros o levavam, dominando.

E agora, nos urbanos, gris desertos

tão fervilhantemente povoados,

ainda mais perdido em seus incertos...

Prossegue à vida, como se montado

de pernas, braços soltos, bem abertos,

no dorso de um corcel desembestado.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 22/10/2013
Código do texto: T4537477
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