NÓS

Sentou-se ao meu lado, no lúrido quarto,

tocou-me na face, nos lábios, beijou-os,

calmou, amparou meu insólito parto;

eu homem parindo aflições entre enjoos...

Naquele momento intimíssimo, então,

rasguei os pudores e falsas nobrezas,

somente eu com ele despindo cruezas,

mentiras cativas em meu coração.

O feto defunto cuspiu-se, que ardor,

melado de mágoas, revoltas e medos;

e limpo, vazio, meu todo venceu.

Choramos, sorrimos, fazemos amor...

Divido com ele verdades, segredos...

Ah, meu adorado parceiro sou eu.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 25/09/2013
Código do texto: T4497250
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