NÓS
Sentou-se ao meu lado, no lúrido quarto,
tocou-me na face, nos lábios, beijou-os,
calmou, amparou meu insólito parto;
eu homem parindo aflições entre enjoos...
Naquele momento intimíssimo, então,
rasguei os pudores e falsas nobrezas,
somente eu com ele despindo cruezas,
mentiras cativas em meu coração.
O feto defunto cuspiu-se, que ardor,
melado de mágoas, revoltas e medos;
e limpo, vazio, meu todo venceu.
Choramos, sorrimos, fazemos amor...
Divido com ele verdades, segredos...
Ah, meu adorado parceiro sou eu.