DESESPERANÇADO

Escorregou na lama densa dessa vida.

Não mais confia nos seus próprios sentimentos,

mergulha-os sujos sob os órgãos crus, visguentos

e os fagocita, feito ameba endoidecida.

Que torturantes são seus crassos pensamentos!

Derramam ácido na face embrutecida,

refervem vermes carcomendo a fé vencida

e cisco ameno, misturados a excrementos.

Dentre o fedido barro imundo que o permeia,

procura andar ou se arrastar, sem força alheia;

está sozinho, sangra, preso em sombra turva.

E lambuzado em cusparadas de cobrança,

segue atolado ao tremedal desesperança,

ardendo o pânico ante o oculto após a curva.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 22/09/2013
Reeditado em 23/09/2013
Código do texto: T4492642
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