VIDA EM SONETO

Resisto, não me entrego aos vis absurdos

que grassam serpejando sobre aldeias,

cuspindo chispas ácidas nas veias

dos entes gente escravos bobos surdos.

Mas preso na redoma dos horrores

de tais aldeias, pós do mesmo mundo,

pairando bambo, lerdo ao vento imundo

do resto da existência, sangro ardores.

A bruta iniquidade edaz devora

o eflúvio delicado em cada aurora

e excreta, em minha cara, cinza e preto.

Mas salvo, de teimoso, a luz bendita,

sorrio, assim, de novo, ao ver escrita

a vida pelos versos de um soneto.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 18/09/2013
Código do texto: T4486876
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