MAGNETISMO

Vivo a penúria massacrante de um eunuco;

o meu sorriso quase morto, murcho, parco

chega em fagulha, quando bebo em gota o suco

de teu viver, que é meu destino, que é meu marco.

És tu que elevas este meu seguir caduco,

sem ti, eu vivo me arrastando em vão, me encharco

no próprio asilo em lama, pútrido tijuco

inavegável pelo teu sereno barco.

Tanta lamúria, pois não sabes que eu te amo

e me aprisionas em teus vícios, nem reclamo,

em teus brinquedos e caprichos de malícia.

Sei que me tens como fiel irmão, é certo;

porém confesso: ao ver-te em pelo, assim de perto,

ganho o infinito neste instante de delícia.