FÉLEO FAVO
Não quero mais engolir teu vinho,
me embriagar ao vigor do beijo
com que reviras o meu caminho,
me entortas tudo num bambo aleijo.
Ora decido: tal vício deixo,
a dependência em teu sol a pino
de meio-dia abobando o tino
e tão intenso a empenar meu eixo.
Mas teu calor já me encheu de marcas,
do gosto vinho, sou todo escravo,
respiro do éter com que me encharcas.
Desisto, é tarde, a teus pés me encravo
e acostumei-me às doçuras parcas
que lambo, doido, em teu féleo favo.