PAZ DA CRUZ
Aglutinado em suja e escura alcova,
o povo ser esconde-se de ataques
do ilustre ser, que dedo aponta a cova,
enquanto mostra, altivo, seus destaques.
O povo ulula em rústicos sotaques,
se arrasta aos pés do ilustre, à bruta prova,
sem cura, sem socorro a seus achaques,
bebendo amargo pus de eterna sova.
Parece crassa lei da humanidade
alguém ser treva, para alguém ser luz,
alguém martírio, para alguém ser paz...
Há, sim, o ilustre que haure, de verdade,
a paz luzindo em breu do povo à cruz
e encontra o próprio bem no mal que faz.