PAZ DA CRUZ

Aglutinado em suja e escura alcova,

o povo ser esconde-se de ataques

do ilustre ser, que dedo aponta a cova,

enquanto mostra, altivo, seus destaques.

O povo ulula em rústicos sotaques,

se arrasta aos pés do ilustre, à bruta prova,

sem cura, sem socorro a seus achaques,

bebendo amargo pus de eterna sova.

Parece crassa lei da humanidade

alguém ser treva, para alguém ser luz,

alguém martírio, para alguém ser paz...

Há, sim, o ilustre que haure, de verdade,

a paz luzindo em breu do povo à cruz

e encontra o próprio bem no mal que faz.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 19/08/2013
Código do texto: T4441441
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