AUSENTE
Aos passos vacilantes sobre seixos
de seu destino opresso, preso à injúria;
carcomem pés sequelas de desleixos
na vida amontoados, burra incúria.
Os pés expelem sangue em doida fúria
de perdas, erros, danos, bambos eixos;
ah, tanto tempo haurido na penúria
de andar, pisar punhais, em seus releixos.
Não soube que ousadia acessa portas,
também que liberdade ascende o adejo,
por se pensar a salvo em trilhas tortas.
Por isso, agora amarga o ardor, latejo,
sangrar de ser ausente em horas mortas,
sem graça ou ilusão, nenhum desejo.