EQUILÍBRIO
A fortuna caía, enquanto o tempo, em círculo,
Girava lentamente e sem fazer ruído.
Eu andava sem pressa e jamais convencido
De que a sorte escapara e ia o destino em pânico.
Um dia, enfim desperto, é tarde, agora examine,
Em compressão o peito, o coração ferido,
Sinto que o sonho acaba, e entendo, e não duvido.
Que num retorno, tudo ainda seria idêntico.
Vida, amigos, família, anversos e reversos,
Passos que dei daria, e sem finais diversos,
Entraria a rodar naquele mesmo círculo.
Sinal de que termino em paz e realizado,
Os meus feitos sem mancha, eu, limpo de pecado,
Me entrego ao tempo a vir, à eternidade, aos pósteros.