PRESSA
Reduz a vida a único segundo,
fugaz, vazio acúmulo insensato,
enquanto esmaga o parco tempo ao fundo
e a pressa o enterra afoita, doida, a jato.
Precisa de engolir num gole o mundo
e sempre se instalar no instante exato;
tocar o vão pairante no fecundo
momento sob o outrora do imediato.
Na cega sanha urgente em trilha história,
pensando assim domar a trajetória,
prossegue em seu voraz correr correr.
Que tolo, não percebe ser escravo
da atroz, veloz rotina, fado pravo,
refém do automatismo até morrer.