O AMARGOR DA MANSIDÃO

Sereno e sorridente, ardeu-se ao murro

que o deram só de empáfia bruta, afronta;

por dentro da cabeça turva, tonta,

batia assim martelo: “burro, burro”.

Em pés e mãos pisados, sujos, surro,

fincadas mil de agulha em fina ponta;

e o moço a atar-se ao terço, a cada conta,

à espera da brandura de um sussurro.

Mancando, todo em dor, teimou sorriso...

E no arrastar-se flácido e impreciso,

sentiu amarga a própria mansidão.

Tentou reagir, do manso enfim desperto,

mas quando deste véu se achou liberto,

findavam de arrancar-lhe o coração.