O POETA E O FOGÃO A LENHA
Pairando no tempo, contemplo saudoso
o velho fogão que cozia com lenha
as tantas delícias, na brasa, garboso...
Poesia melhor? Eu não creio que tenha.
O leite fresquinho, direto da ordenha...
As carnes e os doces no tacho... Que gozo!
E a tela dos tempos de paz se desenha
no meu coração sorridente e teimoso...
“Escuta o que tenho a dizer, meu amigo”...
Meu Deus! O fogão ora fala comigo!
Ó, diz que te aflige, perdoa-me o espanto!
“Cuidado com versos que lanças na vida!
Também eu os fiz, aquecendo a comida
e amargo o abandono, esquecido num canto”.