ESCRAVO DA MENTE
Voraz pensamento de fundo sentir
devora-me a mente e retira-me o ar...
se evito-o, me tenta, não posso fugir
e logo a um canto me vejo a pensar.
Às vezes, à noite, sem sono, a vagar,
a ideia me açoita e só chego a dormir
cansado de muito da mente apanhar
ou bobo no intuito de muito a exprimir.
Assim, já vencido, a expressão que me assanha,
desejo de tudo fazer valer algo;
entanto, de nada daquilo me lembro...
O açoite foi vão; minha sina, que estranha:
o céu me dispõe, pelas nuvens eu galgo,
mas desço e, então, já de nada me lembro...