Tua alma foi partindo em despedida
Tua alma foi partindo em despedida,
a chuva e o trovão te condenando,
a maré, que revolta, te abraçando,
fez trágico o destino teu em vida.
Tua sina, em silêncio sucumbida,
fez com que o mar revolto, te levando,
fosse a última casa, em vida estando;
e ao vate foste a morte mais dorida!
Se acaso, Dinamene, recebeste
Camões no etéreo assento onde subiste,
feliz estou por ti e o teu amante.
Mas se o tal Paraíso não existe,
e nem estás co o Grande Rei celeste,
então durma em silêncio, o mais constante.
(Soneto 2, Sonetos)