A CRIATURA

Podeis pensar, abusivamente, que vos falto à palavra,

Quando em meus devaneios, ao Homem dou assunção.

Não há pessoa, neste mundo, que não seja escrava,

Voluntariosa e compulsiva, forjando aqui, sua condição.

Direis, que é próprio do Homem, qual vicio que lavra,

Ir no arrepio da vida, na transe diária - basta servidão,

Que rouba às pessoas, seu discernimento, e crava

Suas garras, infames, na carne inerme, caída no chão.

Todo o Homem é egoísta – vinde, pois, declarai-vos –,

Que não há nada que faça, se não for seu beneficio;

E assim, arrogantes, andamos, sem quaisquer laivos:

Criaturas perdidas, num deserto sem fim; verdadeiras

Se tornariam, se não fizessem mau uso, do resquício,

Que, pouco a pouco, gesto a gesto, as diz inteiras.

Jorge Humberto

10/12/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/06/2013
Código do texto: T4345202
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