A VIDA DO POETA

A vida do poeta é uma flor entreaberta,

Uma esperança, um canto, a ilusão pressentida,

O gosto do trabalho e da vitória certa,

E, com certeza a dor, que robustece a vida.

De passagem o tempo, a que ele chama lida,

Que constrói e destrói, que comanda e conserta.

E a alma, acima do tempo, eterna, não vencida,

Posposta às gerações a que anima e desperta.

É feliz porque entende essa expressão de nada

E tudo que resume e confunde a existência

Ora tranquila e mansa, ora desesperada.

Pode viver em paz um centenário inteiro,

Cantando o amor, cultuando a fé e a inteligência,

E o século transpor, janeiro após janeiro.

25-08-75.