DOIS PÁSSAROS
E se misturam, suor e sangue, tudo amor
numa partilha de moléculas famintas
que fazem únicas as células distintas
a se nutrirem do bailado de calor.
Eles se alastram como as heras sobre muros
sorvendo as almas, corpo inteiro, tons iguais
e multiplicam frutos doces, tão maduros
manados, fartos, pelas seivas corporais.
Ao bem das sedes incuráveis de seus sonhos,
dissolvem cerne noutro cerne, sóis risonhos,
ganhando os altos céus vermelhos da atração.
Os seus instintos lá no início torvelinhos
são depurados por instintos passarinhos
que irmanam asas, vidas e ar, respiração.