ABUTRES E RATOS
Somente vê-se a sombra nas alturas
do abutre poderoso sobre o rato
faminto, seco, pávida criatura
acuada no covil, a vis maus tratos.
O abutre doma lá do céu de alvura
o tal roedor de reles dons baratos,
que teme seres grandes, más figuras,
pois sabe do certeiro desbarato.
O pássaro covarde agita as asas,
enquanto rato oculta-se nas casas.
O adejo da violência assombra escuro!
E aflito, o pobre rato é condenado
a se esconder, vazio e amedrontado,
em breus, roendo as lascas do futuro.