SONETO DUPLO DO AMOR... BEM FEITO
Cantarei em versos, malfadados ais
As vontades que o corpo grita mudo
A dizer que embora em pouco e tudo
Animais todos, nos gozos são iguais
Quando a noite cai dormente e cálida
A mulher se desveste caprichosamente
E uma ensaiada vontade, tenra e pálida
Desprende-se da razão, e finalmente
Entrega-se: a festa enfim vai começar...
Os corpos arqueados e desprendidos
Se entrelaçam num ritmo sincopado
Que o silêncio rompido e incomodado
Com os sussurros e gemidos incontidos
Os fazem, exaustos, agora, descansar...
(pausa...)
E o desejo assim, e mais que antes
Renova-se em cenas onde docemente
Moram as vontades, que discretamente
Têm em mente, os corpos dos amantes
Sendo agora e por fim tão abundantes
Vívidas certezas de que o pensamento
Sem consciência ou sem discernimento
É o fomento dos pecados delirantes
Despertados, os gozos vão se dar
Se entrelaçam num ritmo sincopado
Os corpos arqueados e desprendidos
Com os sussurros e gemidos reprimidos
Que o silêncio rompido e revelado
Os fazem, livres, agora, recomeçar...