O BRAÇO E AS ASAS
Disseram-me que tenho fortes asas,
as imaginações adejam plenas,
que elevo, no sonhar, ideias rasas
em sopro de otimismo assim, apenas.
Cravaram-me que peno exausto braço,
que anula-me a ilusão ardil ferrenho
e aperta-me a esperança à corda de aço
em lacerante, edaz e bruto engenho.
E me cantaram que asas são de sonho,
por isso, são mais fortes que as reais
e amparam-me no céu, ante o medonho.
Mas... triste! É que me traz, o braço torto,
de artérias e verdades viscerais,
as asas que arrancou do sonho morto.