O quarto mudo permanece inteiro.
Alvíssimo lençol cobre-me o leito.
Tão-só meu desejo vê-se desfeito
Na suja moldura deste cinzeiro.
 
Ainda vejo o sonho derradeiro
Do forçado, rijo riso imperfeito
Mais semelhante a tétrico trejeito
Daquele mal amante sorrateiro.
 
Suspiro mais dor, um esgare apenas...
Procuro teus lábios asserenados,
Esperando que em mim não te contenhas.
 
Mas é tarde para corpos suados.
Este lençol findando nossas cenas
Recobre, mudo, as cinzas dos amados.
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 16/04/2013
Código do texto: T4242920
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