FÚRIA

De toda a fala se assenhora doida fúria,

entoa ditos que jamais proclamaria,

grassados tortos pelos páramos da incúria,

assim, perdidos do equilíbrio, à revelia.

E por instante, o bravo em bruto desvario

é libertado do pudor de verbo espúrio

que veste a fala de aparente alvor sadio,

enquanto mágoa se deságua no murmúrio.

Verdade, a fúria é muitas vezes salvadora

da integridade, dignidade da pessoa

remando exausta o barco-vida em rumo insano.

Contudo, a sanha de seu feito, esmagadora,

esgana forte a leve paz que ao léu revoa

e cospe ao mundo que violência é instinto humano.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 15/04/2013
Código do texto: T4241527
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