ABSURDA SAUDADE

Eu passo na frente da tua casa.
Eu rastreio pelas ruas teu perfume.
Eu desperto a manhã na tua espera.
Eu enraízo, cismo, te busco, viajo.

Visto-me de ti, pássaro sem asa.
Finjo-me distância e no negrume
da noite te cuido. Nada do que era
serei agora. Não sou, não sei, não ajo.


A brisa do amanhecer não passa de ar
poluído por indigestas ausências.
Sigo a rota do sol, despejo-me no mar.
 
Eu rasgo tuas fotos, apago mensagens,
desinvento as inúteis e tristes ciências
que me invadem com tuas imagens.