DESAVER

Eu amarguei o não haver, inexistir,

quando calei o canto vivo de teus olhos,

quando apaguei os luminosos capitólios

anunciados ao redor do teu porvir.

Ai! Tu me olhaste em seco enfado de não ter

os meus estímulos bordando-te alvos passos,

as minhas brisas amparando teus abraços,

os meus pulsares invadindo teu prazer.

E o sentimento de infinito carmesim

se desbotou sem teu matiz ardente e brando;

fui condenado ao mais pesado e eterno Não.

Porque não sendo pleno em ti, não sou em mim,

sou nada à sombra do teu tudo mendigando

alguma gota de existência neste vão.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 04/04/2013
Código do texto: T4222856
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