DESAVER
Eu amarguei o não haver, inexistir,
quando calei o canto vivo de teus olhos,
quando apaguei os luminosos capitólios
anunciados ao redor do teu porvir.
Ai! Tu me olhaste em seco enfado de não ter
os meus estímulos bordando-te alvos passos,
as minhas brisas amparando teus abraços,
os meus pulsares invadindo teu prazer.
E o sentimento de infinito carmesim
se desbotou sem teu matiz ardente e brando;
fui condenado ao mais pesado e eterno Não.
Porque não sendo pleno em ti, não sou em mim,
sou nada à sombra do teu tudo mendigando
alguma gota de existência neste vão.