ABANDONO

Sentindo ardor do desamparo,

aquela ausência que perfura

profundo, agudo, em ópio amaro,

rasga ilusão de alar candura.

Estrago bruto, sem reparo...

Anulação de gente, agrura...

E a tela em dia ameno e claro,

ah, nunca mais se prefigura...

Mas do abandono refloresce

a rara orquídea persistência

com suavidade de autoestima...

Do próprio amor se resplandece

e ressuscita a inexistência;

do verso vida, é nova rima.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 19/03/2013
Código do texto: T4196471
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