ROTINA

Quando tu me envolveste nas amarras

dos projetos floridos, unos nossos,

o real nos cravou as fortes garras,

arranhou nossas peles, quebrou ossos.

E nós dois violentados na devassa,

tão feridos, gritando por socorro!

Mas também no que é bom o enfado grassa,

tanto amor todo em sangue fluindo em jorro...

A rotina nos pôs, enfim, gamarras,

hoje somos, de amantes, só esboços

e levados, tal gado nas gambarras.

Vem atroz, vem pesada e bruta a ameaça

aos que pensam que evitam fim modorro

ao amor, cujo brilho o tempo embaça.

(Primeira publicação em 25 de novembro de 2010).

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 08/03/2013
Reeditado em 08/03/2013
Código do texto: T4177461
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.