ROTINA
Quando tu me envolveste nas amarras
dos projetos floridos, unos nossos,
o real nos cravou as fortes garras,
arranhou nossas peles, quebrou ossos.
E nós dois violentados na devassa,
tão feridos, gritando por socorro!
Mas também no que é bom o enfado grassa,
tanto amor todo em sangue fluindo em jorro...
A rotina nos pôs, enfim, gamarras,
hoje somos, de amantes, só esboços
e levados, tal gado nas gambarras.
Vem atroz, vem pesada e bruta a ameaça
aos que pensam que evitam fim modorro
ao amor, cujo brilho o tempo embaça.
(Primeira publicação em 25 de novembro de 2010).