O que não se esquece
Depois de tanto tempo sonhar fantasias,
Este pensamento com que estás afligido
É o resto final do que foi medido.
É muito pouco daquilo que querias
E, de repente, depois de tantos dias
Chegando como quem chega do nada,
Sem pedir licença nem pouso de parada
Como é que o coração cuida de todas as agonias?
Chegou com Neruda sem contar nada do que sente,
Não compartilhou do mesmo descuido
Ou será que não escuta o coração da gente?
Mas todo o carinho quer entrar no soneto,
Porque sabe que quando adormece
Há de ser mais um sonho que não se esquece.
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