ENTRANHA ESTÉRIL
Sequer sustenta o passo vacilante
a vida do ente triste, presa ao chão;
e tenta fuga a custo, lenta, arfante
dos dardos da voraz desilusão.
Toda entrançada em sina degradante,
até procura erguer-se... tudo em vão;
e quando encontra enfim, afago alante,
de fraca, não consegue atá-lo à mão.
Coitada dessa vida maltratada,
que sente cada lança envenenada
rasgar a carne em ânsia que estrangula!
É como se arrastasse nos canais
que levam a nojentos viscerais
da escura entranha estéril de uma mula.