ENTRANHA ESTÉRIL

Sequer sustenta o passo vacilante

a vida do ente triste, presa ao chão;

e tenta fuga a custo, lenta, arfante

dos dardos da voraz desilusão.

Toda entrançada em sina degradante,

até procura erguer-se... tudo em vão;

e quando encontra enfim, afago alante,

de fraca, não consegue atá-lo à mão.

Coitada dessa vida maltratada,

que sente cada lança envenenada

rasgar a carne em ânsia que estrangula!

É como se arrastasse nos canais

que levam a nojentos viscerais

da escura entranha estéril de uma mula.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 04/02/2013
Código do texto: T4122983
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