Tempo esgotado
O tempo não para, só passa devagar
Arrastando-se perene, pela eternidade
Ocultando a mentira, enganando a verdade
Na montaria temporal, sempre a galopar
Tão solene, só, em recato, desolado
Um relógio quebrado, tênue, perpétuo
Desfragmentado no silêncio, quieto
Seu advento já foi cronometrado
Os ponteiros, inertes, logo paralisam
Segundos, minutos, horas, enfim
As cicatrizes óbvias não cauterizam
Ser atemporal, desses tempos devassos
Já sinto pulsar aqui dentro de mim
Como o relógio, meu coração em pedaços
---------------------------------------------------------------------
Esse poema foi originalmente publicado no livro "O Exterminador de Sonetos" (1ª e 2ª edição)