Soneto do Grito (tres em um)
Vão se os bons
Sobram os loucos
Entoar todos os tons
Músicas, ruídos um pouco
Tormenta, insegurança, indefeso
Sintonia do absurdo
Correr pra onde não vejo
Permanecer quieto e mudo
Esse tal de silêncio
Me cala, me cinge
Maltrata meu pensamento
Acaba de vez
Só um pouco
Em dor, suor, sentimento
Tolo e insensato
Rasga uma lágrima
Corre pelo rosto
E nem imagina
Onde começa ou termina
Sobre a pele que arde
Sobre o tempo que finda
E a desculpa nunca aceita
E o perdão nunca visto
Segue a vida, segue a vida
Segue o fraco, segue o forte
Acaba o tempo,
Vem a mudança, fica ameaça
Faz presente o escuro
O doce que só em sonho
Que perdura na outra página
Já virada, e o abandono
É insana é amarga
Atinge em cheio o ponto
Bem no centro, percebido
E a dor no peito
Invade a alma e fica
Esse tempo que não passa
Que aperta, me sufoca
Penso como era bom
Quero o ontem já de volta
E a rude incerteza
Do amanhã nunca chegar