Palavras soltas
Tenho palavras sãs e rebuscadas
Guardadas na gaveta. São memórias
Tecidas de lã bruta. São jangadas
Em mar revolto. Vidas sem histórias
Tenho de as libertar do cativeiro
Dar asas para voarem como seta
Tenho de confessar ao mundo inteiro
O que oprime a minh`alma de poeta
Com o mesmo denodo e desespero
Imitando o artesão talhando a pedra
Trabalho a frase e dou vida ao verso
Contudo sinto em mim a dor que espero
Das explosões do fogo que em mim medra
Que oculta a face e dá luz ao reverso