Carta à Rua Augusta, s/ Número
Quero um pedaço do céu no meu quarto
Vou pintar nuvens no meu teto azul
Vou desenhar o cruzeiro do sul
Vou visitar os meus velhos retratos
Vou te trazer à vida como um parto
Vou te buscar nos buracos do mundo
Vou mergulhar em um vale profundo
Vou desenhar um grandíssimo arco
É bem verdade que nada se perde
E nesse arco onde tudo se cria
Nas voltas e nas vidas se converge
Onde, de tudo passa a ter um pouco
pouco a pouco e a cada dia
por ti me tornando mais e mais louco