O TIRANO

Este medo da vida, que atordoa

e aprisiona-me os nervos entre muros

que se fecham, maciços, muito escuros,

me esmagando ao silêncio que entra e ecoa...

O medo, igual a inseto que ferroa,

revoa em meu jardim de verde puro,

cobrindo de hematomas meu futuro,

ferindo minha paz que sangra à toa.

O medo, assim tirano, vil, obscuro,

arrasa tudo, nada o atroz perdoa,

detém-me até no porto mais seguro.

Quisera, enfim, meu ser de volta à proa,

despir-me desta capa em cálcio duro.

O medo engessa a essência da pessoa.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/12/2012
Reeditado em 23/08/2017
Código do texto: T4053464
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