O TIRANO
Este medo da vida, que atordoa
e aprisiona-me os nervos entre muros
que se fecham, maciços, muito escuros,
me esmagando ao silêncio que entra e ecoa...
O medo, igual a inseto que ferroa,
revoa em meu jardim de verde puro,
cobrindo de hematomas meu futuro,
ferindo minha paz que sangra à toa.
O medo, assim tirano, vil, obscuro,
arrasa tudo, nada o atroz perdoa,
detém-me até no porto mais seguro.
Quisera, enfim, meu ser de volta à proa,
despir-me desta capa em cálcio duro.
O medo engessa a essência da pessoa.