MERO SER

Na ardência doce de paixão recente...

Apenas vale a vida assim sentida.

Alçar mergulho aos ares permanente

sorvendo beijo brisa incandescida...

Na abóbada do nada ao céu pendente,

traçar a direção toda invertida...

Cabeça para baixo, displicente,

vertendo em brincadeira a austera lida...

O mundo abriga os anjos tão peraltas,

também diabinhos meigos, suas flautas...

É tudo a edificar-se ao bem de infância...

Talvez alcance um dia tal verdade,

ao reinventar-me, a salvo da vaidade,

um mero ser, despido de importância.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 23/12/2012
Reeditado em 24/12/2012
Código do texto: T4050533
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