MERO SER
Na ardência doce de paixão recente...
Apenas vale a vida assim sentida.
Alçar mergulho aos ares permanente
sorvendo beijo brisa incandescida...
Na abóbada do nada ao céu pendente,
traçar a direção toda invertida...
Cabeça para baixo, displicente,
vertendo em brincadeira a austera lida...
O mundo abriga os anjos tão peraltas,
também diabinhos meigos, suas flautas...
É tudo a edificar-se ao bem de infância...
Talvez alcance um dia tal verdade,
ao reinventar-me, a salvo da vaidade,
um mero ser, despido de importância.