Uma lembrança

I - Momento

É vão tentar a tarde que se escoa

Reter com a peneira da memória,

Do Agora fica a areia merencória

E a todo instante o Instante se esboroa.

Do que restar o vento vem e... voa.

Conquanto lentamente é sem demora e à

Lembrança leve o tempo assopra e a ecoa

Mas não em nós, e sim na própria História.

A noite vem com suas trevas novas

Tisnar o céu da tarde - já passado -

Recordo-o (o céu noturno é estrelado).

Estrelas são porém celestes provas*

De que, embora ilumine a negra alcova,

Jamais reviverá o morto amado.

*Muitas das estrelas visíveis -a olho nu ou telescópio- são corpos celestes já mortos, cuja luz chega até nós com anos de atraso.

Caio Batista
Enviado por Caio Batista em 21/12/2012
Código do texto: T4046317
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