Prosopopeia
Prosopopeia
Ao brado de um trovão ou branda chuva;
Quer solte-o grave ou fino como a pele;
Desabe o céu ou caia como luva;
Pra cada som que a mãe Natura expele
O homem faz-se surdo e não se curva!
Ouvir a própria voz é o que o impele.
Um ego em eco que ao ouvido turva,
Pois tal ruído aos outros sempre excele.
E segue assim distante à voz de abraço
-Um fio desgarrado ao grande laço
Que une aos seres todos numa teia-
Prossegue só -eterno descompasso-,
Não ouve nem se faz ouvir. Na aleia
Seguem em mútua e vã prosopopeia.