A saga de um faminto
Eu poderia num só poema dizer tudo o que sinto,
Mas correria o risco de dizer o que não devo.
Eu poderia num só soneto não ter reservas no que escrevo,
Mas poderia incorrer em incoerências, instinto.
Quando o poetar é doce e não absinto
Basta assumir uma caneta ou um teclado e sinto o enlevo.
Tá no sangue, tá na alma, se destaca em alto-relevo.
Em cada frase, em cada verso, a saga de um faminto.
Uma fome de expressar o que na boca sai como dança.
Não é preciso gritar para se fazer ouvido,
Basta uma inspiração e eu já me sinto resolvido.
Eu poderia num só escrito exprimir toda a minha desvairança,
Mas me abstenho e me dou como um abstraído.
Afinal todo dia é dia de poesia e disso eu nunca duvido.