A NAU DAS ALMAS ERRANTES
No mar, a nau sinistra busca rumo;
Onde a trêmula e lúgubre bandeira
Da morte, com sua cruz negra no prumo
Do mastro; ela infeliz, singra viageira!
Dela sai um canto em súplica, gelado!
Enunciado em vozes tão cortantes,
Que sua presença é o mal ali assombrado,
Por purgatórios d’almas vis, errantes...!
Filhos de Satã, e os estupradores;
Psicopatas, e os frios assassinos;
Levam pra eternidade as muitas dores...
E a cada hora, soa uma pena em sinos;
O isolamento é praga aos pecadores,
Da morte fez-se inferno os seus destinos!