ENCANTO EXTIRPADO DO MUNDO
Detido na noite perene em que vive,
assiste às estrelas de fogo queimando
os sonhos plantados no solo em declive
da pobre ilusão no martírio nefando.
Crocita a coruja do medo no escuro,
que endoida-lhe o nervo em brutal desalento;
arrasta seu passo oscilante, inseguro,
à espera de um nada que altere o momento.
E assim, deglutindo aleijado desejo,
destino em grilhões da rotina penosa,
afoga a existência em vazio profundo.
Viver? Que viver? Que viver malfazejo!
Que encerra manhãs na verdade trevosa
do encanto extirpado pra sempre do mundo.