Soneto depois da morte

Sonhei-te tanto, amei-te tanto, fiz-te tanto

Sem temer um pouco a morte que te apanha

Fui para ti o mais doce dos teus encantos

Por que para mim foste árdua e estranha?!

Deixei-te vida. Antes tudo lhe dei, de canto a canto.

Contigo só vestígio de minha sina te acompanha

De tudo por ti tentei, mas tu só me fizeste de pranto

Morto, tua angústia não mais me arranha!

Viver era meu alento, mas tu fugiste de mim

Arrancaste o belo e me deste o amargo fim

Tu que tinhas o dom de viver não foste mais forte...

Covarde! Por tuas audácias perdi alma e corpo.

Eu tive a vida e a vida me teve como um sopro

Queria com mais calma. Sonhava outra morte.

Valnei Cardoso
Enviado por Valnei Cardoso em 24/10/2012
Reeditado em 21/07/2022
Código do texto: T3949316
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