Soneto depois da morte
Sonhei-te tanto, amei-te tanto, fiz-te tanto
Sem temer um pouco a morte que te apanha
Fui para ti o mais doce dos teus encantos
Por que para mim foste árdua e estranha?!
Deixei-te vida. Antes tudo lhe dei, de canto a canto.
Contigo só vestígio de minha sina te acompanha
De tudo por ti tentei, mas tu só me fizeste de pranto
Morto, tua angústia não mais me arranha!
Viver era meu alento, mas tu fugiste de mim
Arrancaste o belo e me deste o amargo fim
Tu que tinhas o dom de viver não foste mais forte...
Covarde! Por tuas audácias perdi alma e corpo.
Eu tive a vida e a vida me teve como um sopro
Queria com mais calma. Sonhava outra morte.