REFLEXÃO DE UM ESCRITOR
Quando a palavra, os outros, não alcança...
Quando é mortal silêncio a nula escrita...
Quando se sabe: o verbo nada lança...
Quando se esvai no vão a ideia dita...
É tempo de enxergar com desconfiança
a forma usada – fina, tão bonita –
e transformar o inútil desta usança
em termo sem mesura, pompa, fita.
Será que vale alçar ao cego vento
a letra de mutismo sonolento,
por mais nobreza que haja em seu porquê?
Mas faz-se necessário, é bem verdade,
que não se culpe o autor por má vontade,
descaso da apatia de quem lê.