REFLEXÃO DE UM ESCRITOR

Quando a palavra, os outros, não alcança...

Quando é mortal silêncio a nula escrita...

Quando se sabe: o verbo nada lança...

Quando se esvai no vão a ideia dita...

É tempo de enxergar com desconfiança

a forma usada – fina, tão bonita –

e transformar o inútil desta usança

em termo sem mesura, pompa, fita.

Será que vale alçar ao cego vento

a letra de mutismo sonolento,

por mais nobreza que haja em seu porquê?

Mas faz-se necessário, é bem verdade,

que não se culpe o autor por má vontade,

descaso da apatia de quem lê.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 03/10/2012
Reeditado em 03/10/2012
Código do texto: T3914012
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